domingo, 15 de agosto de 2010

"welcome back to real life"

E estou de volta a terras de sua majestade.
As três semanas passaram a correr!
Passeei muito, fiz praia, banhos de sol e mar, até de lua. Apanhei dias de calor maravilhoso, ar moooorno, noites sem uma brisa sem se conseguir dormir. Matei saudades das noitadas, das esplanadas, das comidinhas, dos petiscos, da bica, do sumol, das tostas mistas, dos salgadinhos e das bolas de berlim. Matei saudades dos amigos, muitas. E voltei com ainda mais saudades. 
E agora regressei à realidade, trabalho trabalho e mais trabalho.
Felizmente, tenho sempre o Facebook, o messenger e o skype para ajudar a matar saudades das pessoas. Viva a internet!
A todos os meus amigos, um abraço apertado, cheio de saudades. Até ao Inverno!

terça-feira, 6 de julho de 2010

business as usual

...ou nada de novo neste cantinho do mundo.

Um dia normal para mim. Chego ao hospital 10 min antes da passagem de turno. Enfio as minhas coisas num cacifo e pego no relatório dos enfermeiros. Dividimos os doentes e cada uma vai receber o turno dos colegas da manhã. Começo a trabalhar, milhentas coisas que precisam de ser feitas na hora: pacientes à espera da alta, um penso que precisa de ser mudado porque parece que o paciente está a sangrar e já agora verificam-se os sinais vitais, drenagens para serem despejadas, volumes urinários que precisam de ser medidos, pacientes que precisam de analgésicos...e já se torna dificil escrever isto em português :p tudo para ser feito JÁ JÁ, para ontem. Quando dou conta são 20:45 e estão a chegar as colegas da noite. Passo-lhes o turno a pensar que devo ter andado a dormir estas tantas horas, tudo me parece irreal, para onde foi o tempo?, o que é que andei a fazer este tempo todo? Por descargo de consciência fico a dar uma mãozinha mais meia-hora, administro uns supositórios a um paciente que precisa urgentemente de evacuar. Lavo as mãos pela milionésima vez e vou para casa a matutar se terei feito tudo o que me competia e se não o poderia ter feito melhor. Chego a casa e, para não variar, não tenho fome. Foi um dia não muito complicado. Só tinha 6 pacientes, e ainda ajudei um cirurgião com uma pequena cirurgia e tive que refazer um penso dum paciente que tinha tido alta de amanhã. Imagine-se um dia daqueles mesmo maus....
Beijinhos e boa noite!


PS - Para quem ainda não sabe: só faltam 10 dias para ir passar 3 (sim, TRÊS) semanas à Tugalândia!

sábado, 19 de junho de 2010

RIP José Saramago

"Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não podería significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver."

in Memórias 
- José Saramago

terça-feira, 8 de junho de 2010

i wanna feel the butterflies in my stomach

Tenho falado (e escrito) sobre amor com várias pessoas. Cada um de nós tem a sua opinião, mas a pessoa com a qual me identifico quando o assunto é este, é a querida Patxocas. E ela hoje publicou um texto do Miguel Esteves Cardoso que diz tudo, mas mesmo tudo o que quero dizer. 
É isto que eu quero. Ou tudo ou nada. As borboletas no estômago quando ou vejo ou penso nele :)

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado.Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos,bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice,facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz.É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição.Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe.Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma.É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária.A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre.Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."  Miguel Esteves Cardoso

domingo, 23 de maio de 2010

dolce fare niente, english way

Esta foi uma semana bastante complicada de trabalho, oito dias seguidos a bombar, grande parte deles na enfermaria com apenas com agency nurses, que na maioria das vezes não fazem a ponta dum corno e ganham o dobro, tendo passado o tempo todo a fazer o meu trabalho e a verificar se, e como, eles fizeram o deles. Uma estafa, nem vos conto!
Finalmente, chegou o fim-de-semana, e o bem merecido descanso. E foi cá um descanso! 
Passei-o no jardim, a apanhar banhos de sol, acompanhada por belos livros (ando a terminar os meus Scarpettas). Os bifes sabem bem aproveitar os dias de sol, sempre de frente para o sol, o mais descascados que a decência lhes permite e com bastante protector solar, mas só ficam morenos com fake tan mesmo. Eu nem uns calçonitos aqui tenho, tenho que passar pelas lojas para a semana para resolver isso! Por isso, vá de arregaçar as calças, que o tuga é sempre desenrascado! E não é que, agora depois do duche, dá para notar um bronzezito nas braços e ombros? Quem diria...
No domingo, os meus senhorios fizeram um barbecue, isto é, grelharam salsichas e hamburgures (será que eles sabem o que são febras? um prego no pão?), tudo regado com muita cerveja para eles e vinho branco para elas (vinho italiano, muito bom), muita salada e molhos para dipar. Foi comer e beber o dia todo ao sol.
Ahhhh o dolce fare niente, english way! Bliss! 
Amanhã saio do trabalho às 3 e ainda me vou estender numa cadeira de praia e apanhar mais um solinho, aproveitar enquanto dura!!
Beijinhos e boa semana a todos!!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

é a pura realidade

Saio do trabalho, Está vento e assim para o frescote (o site de meteorologia diz-me que estão 10ºC, feels like 7ºC). Mas está sol, não me posso queixar! Como aqui é bank holiday hoje, está tudo em casa a comer o brunch ou a passear à beira-mar. Aqui todos os raios de sol são aproveitados ao máximo, a maioria das pessoas já apresenta um aspecto bronzeado, quem não apanha sol a jardinar compra cremes ou sprays de "fake tan". Já me começo a sentir um bocado pálida!
À minha frente saltitam dois esquilos que fogem para as árvores à minha aproximação. Por todo o lado se ouvem os pássaros a chilrear. Tudo está verde e viçoso, as árvores e arbustos em flor.
Passo por um campo relvado que poderia ser de futebol, mas não. Duas equipas jogam cricket. No espaço ao lado, 2 adultos e umas quantas crianças praticam tacadas de golfe.
Na estrada, com carros estacionados de ambos os lados, deixando apenas espaço para um carro passar pelo meio, mesmo tendo duas vias, apercebo-me, já sem surpresa, que os carros andam "do lado errado"
Não há qualquer dúvida. É Primavera e estou em Inglaterra.
Uma boa semana a todos!