Resumindo, seguindo por um carreirito ao longo das casas e atravessando duas estradecas, chego ao shopping de New Ash Green, que tem um pub, um minimercado (the co-operative), dois bancos com caixa multibanco (iupi!), um post-office que vende de tudo e até se pode fazer câmbio de moeda, uma Oxfam (que estava fechada), uma livraria (que só tinha livros de pesca, caça e golfe ou animais, está-se mesmo a ver do que é que esta malta gosta), um restaurante chinês e dois indianos. Aproveitei e comprei o adorado Cadbury de caramelo, barra gigante, e um cartão de telemóvel. A R. tem um Nokia desbloqueado que me ofereceu (que querida!) e já estou safa de comprar um telemóvel novo. Logo já forneço o número ao pessoal (se me esquecer, peçam-mo!). Fui também inscrever-me num médico, parece que é obrigatório aqui e que toda a gente tem, tal como é suposto acontecer na Tugalândia :p (lá eu nunca tive médico de família).
Outro exemplo de como a R. é cabeça no ar: eu disse que precisava de ir ao banco, ela precisava de comprar um cabo para a tv (mesmo assim, continua a não funcionar), fomos cada uma para seu lado, mas os bancos aqui só abrem às 10h…:p felizmente pude trocar dinheiro nos correios… Depois nem se lembrou que ia trabalhar o dia todo e que eu ia ficar sem chave e fora de casa. Lá descobri um sítio onde faziam chaves e já tenho chave, ufa!
A reunião no hospital foi uma desilusão :| Houve uma confusão acerca da minha job position (confusão? Cambada de incompetentes!!). Nos primeiros tempos, enquanto o meu registo no NMC não vier, tenho que trabalhar como health care assistant, ganha-se um bocado menos e não se pode administrar medicação, mas eu já vinha preparada para isso. O problema é que a vaga que eles tinham era só em part-time, mal dava para pagar a renda e comer… Fiquei tão chateada que nem imaginam. Então eu vinha de Portugal para aqui trabalhar em part-time?! A D., da agência de recrutamento, também se passou e deu uma descompustura à relações públicas do BMI por não ter previsto esta situação. Resultado, foi uma perda de tempo, mas deu para conhecer outro hospital, este ainda mais pequeno que o Chaucer de Canterbury onde foi a entrevista. Agora tenho que esperar que marquem outra reunião noutro hospital não sei onde…
Prometeram-me que “não me vão mandar de volta para o meu país” e que serei reembolsada pelas despesas de alojamento que estou a ter. Xiça, tanta pressa para cá chegar e agora fico aqui a anhar, sem tv, sem net, sem café, sem livros para ler (os técnicos não contam!), sem nada para visitar a não ser campo. Ainda começo mas é a jogar golfe :p
Decidi pegar nas perninhas e ir até ao Bluewater Shopping Centre, fosse como fosse na busca de net móvel e uma loja da Orange onde me explicassem como se põe o SIM card a funcionar.
Fui andando, andando, até chegar à rua principal onde havia paragens de autocarro. Não encontrei nenhuma. Mas encontrei um pub e um senhor muito simpático que me deu as indicações todas para ir para o centro comercial e ainda me ofereceu uma garrafa de água (“keep your pocket money, love, you’ll need it). Lá fui e aquilo fica longe pra caraças. E é enormeeeeee! Muito muito giro, com uma lagoa na entrada e uns riachos artificiais lá dentro, com fontes a sair das bocas dos sapos. Lá encontrei uma Orange e a senhora pegou-me no telemóvel e activou-me o cartão e o tarifário, assim sem mais nem menos e a dizer que se eu precisasse de mais alguma coisa era só dizer, darling! Um amor de senhora.
Depois fui a uma Carphone, como o J. me tinha aconselhado, à procura de net móvel que tivesse uma boa cobertura pelo país. Escolhida a 3 e comprada, lá fui à procura da zona de restauração para morfar qualquer coisa. Ainda deu para reparar que tinham bolsinhas da Golla iguais à minha à venda, bastante mais caras. Ranhosos!
Decidi-me por indiano. Uma chicken madras very hot (picante), com meio kg de arroz debaixo e uma bebida por 4,90 libras, nada mau. Depois um espresso que era uma bela bodega, bebido lá fora a olhar para os patinhos no lago e a apanhar um solinho bom.
Aproveitei para dar um saltinho ao Marks & Spencer, secção da comida, onde comprei mais umas coisitas que não vinha no welcome pack da agência.
O autocarro ainda ía demorar hora e meia (como é que é possível) e como também não me queria arriscar a perder-me no meio do casario carregada de sacos, apanhei um táxi (na noite anterior, extraí a morada da R. quase a ferros, felizmente). Foram 10 libras com desconto, que o senhor taxista, que também me tratou por “love”, deve ter engraçado com a minha cara e descontou 7 libras do taxímetro!
Ah, outra borla! Fui espreitar a Boots e vi lá a revista deles, de longe dizia “Free” mas em letras pequenas era grátis apenas para quem tem o cartão não sei quê da Boots, uma libra para os outros mortais. Uma senhora da loja viu-me a folheá-la e perguntou-me se eu queria. Eu respondi que não tinha cartão e ele “It’s free for you, darling, take it”. Uau! Sabe bem ser uma love e darling :))
Cheguei a casa sem incidentes (ufa, é esta casa mesmo, a chave abre a porta). Ligar a caldeira para tomar banho “daqui a bocado”, arrumar as compras e começar a surfar na net :) pronto, já estou mais feliz, nem tudo é mau!
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